quinta-feira, 15 de abril de 2010

*Adolescência e Álcool*



É preocupante a crescente utilização de bebidas alcoólicas de forma sistemática pelos jovens em nossa sociedade.
E nesse ponto, aliás, como em todos, o exemplo marca e ensina melhor do que milhões e milhões de palavras, diálogos ou sermões.
Pais que estão sempre com um copo na mão, sem dúvida, terão mais probabilidade (lembrem-se, nunca se pode afirmar nada de forma absoluta, em se tratando de seres humanos) de que seus filhos bebam do que os que nunca bebem ou dos que só o fazem em ocasiões muito especiais - e equilibradamente. Isso não significa que quem tem filhos não possa beber nunca mais. Claro que pode, desde que dentro de limites adequados, ou seja, que não tenha uma regra para si e outra, certamente mais rígida, para os outros.
Compreender o uso da bebida em seu significado social, ajuda a entender o “porque” de seu uso crescente e abusivo por jovens e adultos.
A bebida tem sido apresentada, através dos tempos, como símbolo de masculinidade, independência e status social. Por isso é comum pais de meninos darem um gole do que estão tomando para seus filhos pequenos, e em seguida, orgulhosos, aplaudirem e exibirem - o "filho que saiu ao pai" - a amigos e parentes. Mas não o fazem com meninas. Essa atitude favorece o uso no futuro, já que desde cedo é percebida pela criança como um ato apreciado e apro¬vado - e não como algo nocivo à saúde e à integridade pessoal. É o tipo de estímulo inadequado, perpetrado sem que se apercebam e sem que prevejam conseqüências negativas no futuro.
Alguns poderão julgar exageradas minhas observações, mas a verdade é que a única droga consumida por mais da metade dos jovens entre 14 e 18 anos é o álcool. A sociedade vive assustada e preocupada com crack, cocaína, maconha etc., mas com álcool poucos se preocupam - dadas as características sociais e ao fato de ser legalmente permitida. Assim, milhares de adolescentes, a cada fim de semana, a cada saída com amigos, a cada festinha, consomem várias doses de diversos tipos de bebidas (misturam chope com caipirinha, com batidinhas, com bebidas energéticas etc.) a ponto de ter se tornado comum jovens passarem mal por excesso de álcool (vômito, enjôo, sudorese, perda de consciência, atos socialmente inadequados, perda da compostura etc.). Sem referir o crescente número de acidentes de trân¬sito – resultando em morte ou invalidez permanente - e o aumento da agressi¬vidade que o álcool pode gerar. Quantas festas não acabam em pancada¬ria por conta do excesso de bebida? Coma alcoólico também não é mais tão raro assim. Basta analisar as estatísticas dos hospitais. É importante ressaltar que as meninas também têm “avançado o sinal” nesse setor.
O melhor a fazer, portanto, é cuidar para que os filhos tenham um bom exemplo. Beber em algumas ocasiões não tem problema, mas é imprescindível que nos mantenhamos sóbrios. Por eles e por nós. E quando estiverem bebendo – e seus filhos olhando - digam claramente que eles só têm autorização para começar a beber depois dos 18 anos e, mesmo assim, de forma muito moderada.
Ensine-os também a parar na hora certa e a nunca misturar diferentes tipos de bebida. Clareza, objetividade e segurança na hora de transmitir dados são fundamentais. Use textos de autores conhecidos, de médicos ou de especialistas em drogadição. Ajuda muito. Adolescente em geral tende a desmerecer o que os pais falam. O suporte técnico facilita e dá substância à comunicação.
Devemos dar essa orientação aos nossos filhos, mesmo sabendo que provavelmente muitos deles não a seguirão à risca. Mas, ao menos, saberão qual a nossa postura. Conversar abertamente, sem brigar, alertando para a proibição legal em vigor, e para o fato de sermos nós os responsáveis por eles perante a lei, respondendo inclusive criminalmente, é essencial. Atuar de forma clara, sem agressividade, com explicações adequadas e fundamentadas costuma funcionar, nem que seja para postergar o início do uso. Um estudo que fiz com adolescentes brasileiros (apresentado no livro “O adolescente por ele mes¬mo”) revelou que 57,7% dos jovens que utilizam drogas iniciaram-se com 14 anos ou menos. Portanto, nada de esperar muito. Lá pelos onze, doze anos já é “A” hora...
Conscientizando nossos filhos sobre os perigos do uso constante de bebidas, ao menos poderemos conseguir moderação no uso. Ao passo que o silêncio ou a aprovação explícita, assim como o incentivo, conduzem à maior probabilidade de começarem muito cedo e também de beberem mais. Outro dado importante é saber que uma série de estudos demonstrou que se uma pessoa bebe, ainda que moderadamente (uma dose de uísque, por exemplo, três vezes por semana ou dois a três chopes a cada saída), ao final de 10 anos terá se tornado adita (dependente). Portanto, nesse assunto em particular, vale o “quanto mais tarde, melhor”. 



Texto de Tânia Zagury:http://www.taniazagury.com.br/artigos.asp?cdc=3158

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