quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Super Nanny funciona?




Uma leitora conta que leu um artigo meu na Folha em que eu analisei o programa “Super Nanny”, que passa em sua versão original no canal pago GNT e tem versão brasileira no canal aberto SBT. Ela argumenta que assiste ao programa e usa muitos dos conselhos dados com os filhos e – o mais importante - que eles funcionam. Por isso, ela quer saber por que é que eu critiquei o conteúdo do programa e mais: se o meu trabalho não é semelhante.
Eu nunca assisti à versão brasileira, mas imagino que ela deve seguir os mesmos padrões do programa original. Então, vou me basear neste último para fazer minhas observações.
A primeira coisa que quero dizer é que, de fato, muitas das recomendações praticadas pelos pais das crianças descontroladas, devidamente orientados pela Supernanny, funcionam. E o que significa funcionar no contexto do programa? Fazer com que as crianças deixem de se comportar de modo inadequado e passem a ter atitudes mais obedientes.
Como é o programa instituído pela Supernanny para dar conta dos problemas dos pais com os filhos? Em primeiro lugar, ela instala uma organização regrada na vida da família. A rotina da casa é escrita em um painel, passo-a-passo e com horários determinados, e os pais devem procurar cumprir cada etapa. Em segundo, ela cria regras que os pais devem aplicar na relação com os filhos. Assim, se um filho obedece ganha uma estrela, por exemplo, num cartaz, se desobedece ou não cumpre algo deixa de ter acesso a um brinquedo por um período etc.
Claro que, se os pais aplicam corretamente as regras, elas funcionam. Mas, funcionam da mesma maneira no adestramento de animais, por exemplo. O que significa isso? Que os filhos aprendem a obedecer às regras estabelecidas na base da recompensa-punição. Essa é uma visão, em minha opinião, muito simplista da educação, do papel dos pais e da criança ou mesmo do adolescente.
Agora, quero comentar a respeito da equivalência que a leitora viu entre meu trabalho e esse tipo de programa. Creio que a grande diferença é que, em primeiro lugar, eu não trabalho com regras e sim com princípios. E por quê? Porque considero que regras são recursos infantilizadores e restritos a determinadas situações enquanto os princípios norteiam todas as atitudes tomadas pelos pais em relação aos filhos e à vida.
Em segundo lugar, a proposta de meu trabalho, como vocês já perceberam, é colocar temas da educação e do contexto em que vivemos em discussão por considerar – reitero – que pensar a educação praticada é mais importante do que agir. Agir sem pensar é típico de criança e de adolescente; é reagir e não agir. Mesmo quando agimos na urgência – e com filhos e alunos isso é inevitável –, se pensamos sempre nos princípios que queremos que norteiem a educação que praticamos, a atitude tomada de imediato não será simples reação.
Por último: o programa Supernanny apresenta, nas entrelinhas, uma visão da qual eu discordo radicalmente: a de que os pais não são competentes para educar os filhos. Creio que as dificuldades maiores dos pais na atualidade são duas: assumir a autoridade necessária ao exercício do papel e saber separar os universos infantil e adolescente do mundo adulto. Mas, isso não ocorre apenas com os pais e sim com todos os adultos já que são traços da cultura contemporânea.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora “Como Educar Meu Filho?” (ed. Publifolha)rosely@folhasp.com.br

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

*Tematização da Prática*

Related Posts with Thumbnails
 
©Dez 2009 Rachel Por Blog dos layouts