sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O que os filhos aprendem com os erros dos pais?

Soltou um palavrão, não cumpriu uma promessa ou falou mal de alguém perto dele. E agora? Calma... Não é o fim do mundo!

Claudia Sasso

Uma mentirinha aqui, um palavrão ali e, de repente, você se dá conta de que seus deslizes cotidianos estão escancarados para os filhos. Os erros são inerentes à condição humana e, mais cedo ou mais tarde, você é flagrado. O que fazer? Primeiro, reconheça a falta. Segundo, compartilhe a informação. Essa atitude pode garantir boas lições de vida para a criança. Ela vai se sentir valorizada por ouvir sua confissão e admirar sua coragem em admitir os erros. E mais, ampliará a relação de confiança entre vocês.

Apenas 7% da comunicação entre as pessoas é verbal. Na maioria das vezes (93%) nos comunicamos com gestos e expressões. Por isso, tenha certeza que seus atos servem como exemplo tanto quanto suas palavras. "Se o pai reconhece que errou e diz isso ao filho, explica por que foi ruim e por que deve ser evitado, vira um aprendizado", afirma Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo. Por exemplo: você está com muita pressa e passa no farol vermelho. Seu filho diz: "Mamãe, mas você não disse que era proibido?" Não há motivo para pânico. Explique que agiu dessa forma pois tinha de chegar a tempo ao consultório dentário ou à escola. Mas não esqueça de dizer que ele fez uma observação importante e que você errou. De todas as lições, ele vai aprender a principal: todos erram e isso não é o fim do mundo.

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É bom ter em mente que os filhos estão sempre de olho nas atitudes dos pais, buscando segurança no comportamento deles. "Assim, eles aprendem a ter confiança em si mesmos e naqueles que os cercam. Se convivem com a sinceridade, aprendem a veracidade", afirmam as escritoras norte-americanas Dorothy Law Nolte e Rachel Harris, autoras do livro As Crianças Aprendem o que Vivenciam, editado no Brasil pela Sextante.

-->Mostramos, abaixo, alguns exemplos de situações nas quais os limites foram ultrapassados, mas tiveram conserto e se tornaram um aprendizado para a criança.

PALAVRÃO


Nem tudo está perdido...


Você pegou um trânsito infernal. Para completar, o motorista da frente faz uma barbeiragem e você quase bate o carro. Na hora, abre a janela e solta aquele palavrão. Os meninos olham para você e começam a rir...Soltar um palavrão ou outro de vez em quando não tem problema, mas não deve ser um hábito.

É problema quando...


... o palavrão é usado por causa de um ato da criança. Seu filho resolve usar a parede que você acabou de mandar pintar como tela para sua nova obra de arte. O material usado: canetinhas coloridas. Cuidado. Por maior que seja a raiva no momento, segure as piores palavras na boca. Nesse caso, o xingamento pode acabar com a auto-estima da criança e não ensina nada.

DESRESPEITAR AS LEIS

Nem tudo está perdido...


Lembra do farol vermelho? É incrível, mas as crianças estão atentas a tudo. Parecem até as vigilantes das regras de trânsito das cidades. Mas por quê? Porque aprenderam com você.

É problema quando...


...a criança tem pais que não seguem regra nenhuma. Hábitos como atirar objetos para fora do carro, arrancar flores de canteiros, pisar na grama ou desobedecer às leis de trânsito são problemas na educação dos filhos.

DISCUTIR COM O MARIDO

Nem tudo está perdido...


Vocês brigaram por algo sem importância. E lá estão os pequenos, de olho em tudo. Crianças precisam aprender que os pais podem brigar e ainda assim resolver suas diferenças. Mas é bom lembrar: mesmo que a briga seja civilizada, os filhos se sentem mal.

É problema quando...


... o casal não consegue entrar em um acordo. O importante é que os pais se expliquem e concordem na explicação dada para a criança. Mesmo que não resolvam entre si, precisam passar para o filho uma opinião sólida e conjunta. Ou um dos dois cede ou vocês combinam de resolver as pendências depois.

PERDER A PACIÊNCIA E GRITAR

Nem tudo está perdido...


Que dia difícil! Está tudo atrasado! Você olha o relógio e percebe que as crianças não chegarão a tempo na escola. Elas correm de um lado para o outro. De repente, você se descontrola e dá um berro. É importante depois mostrar à criança o que ela fez de errado e explicar porque você ficou tão nervosa.

É problema quando...


... você não explica os motivos para isso ter acontecido. Chamar a criança de estabanada porque ela deixou seu vaso de cristal preferido cair no chão sem querer não é a melhor coisa a fazer. Mas no calor do momento, muitas vezes, acontece. Mesmo assim, ainda dá tempo de mudar o tom e evitar que isso afete a noção de valor pessoal dela. O ideal é pedir desculpas pela perda de controle e, depois, questionar como foi o incidente. Educar um filho é mais do que dizer o que é esperado socialmente. Está muito ligado à transmissão de valores que os adultos têm encarnados em si mesmos.

CONTAR UMA MENTIRA

Nem tudo está perdido...


Mentiras sociais existem, mas precisamos explicar o motivo. Elas só não podem se tornar constantes.

É problema quando...


... os pais mentem para a criança. O casal tem um compromisso à noite e jura para o filho que não vai sair de casa. Mas a criança percebe que os pais saíram escondidos. Isso é prejudicial ao desenvolvimento da criança, que se sente traída.

FUMAR, BEBER

Nem tudo está perdido...


Beber socialmente é normal para os adultos. O que não pode é haver exagero. E, se você não consegue abandonar o cigarro, deixe claro que isso é um problema, que tem consciência do mal que faz à saúde e de como é difícil lutar contra o vício.

É problema quando...


... ninguém ensina à criança que fumar e beber são ações proibidas para ela. É uma situação grave. O filho precisa entender que ainda não tem idade para saber o que é bom ou ruim para si mesmo.

QUEBRAR PROMESSAS

Nem tudo está perdido...


Deve-se cumprir 99% do que é prometido. Só há uma exceção: se algo externo deu errado. Não esqueça que filho não se conquista com promessa.

É problema quando...


... você não cumpre a promessa por um motivo que não é tão sério assim, como não ir ao parque porque está cansada. Criança cria expectativas, fantasia, conta com o prometido até o fim. Por isso, deixe o desânimo de lado e saia nem que for por menos tempo do que o pensado originalmente. Se for o caso, no momento da combinação já deixe claro que imprevistos podem acontecer e mudar os planos.

FALAR MAL DE ALGUÉM

Nem tudo está perdido...


Conversa vai, conversa vem e lá está você, falando mal de alguém na frente das crianças. Se destacamos apenas o pior das pessoas e não valorizamos as qualidades, ensinamos os filhos a fazer o mesmo.

É problema quando...


... criticamos as pessoas em excesso. Sempre que apontamos características dos outros, mostramos o que consideramos ideal. Os filhos ficam com medo de nos decepcionar e de também receber críticas.

Consultoria: Ceres Araújo, psicóloga; Teresa Bonumá, psicoterapeuta; Walkiria Grant, professora de Psicologia.

Revista Crescer

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